sábado, 25 de junho de 2011 0 comentários

Auguste Rodin: um contorcer de músculos e cérebro


Vários dos escultores e pintores, principalmente os clássicos, já exploraram as saliências e reentrâncias da musculatura humana. Pode-se notar isso no robusto Moisés e no vigoroso e, ao mesmo tempo, elegante Davi, ambos de Michelangelo. Rodin, que muito foi influenciado por esse artista renascentista, não foge à regra. Apresenta, no entanto, um diferencial que, a meu ver, apresenta-se como uma de suas marcas centrais: a forma como ele dispõe o corpo de seus modelos, levando-os, muitas vezes, à dor e à exaustão. Essa ação o faz conseguir posições as quais denotam um verdadeiro redescobrir do corpo humano, o que resulta em esculturas que substituem a ideia de inércia por uma impressão de movimento, de gesto, de energia mais intensa.


Uma cena do filme Camille Claudel é reveladora de tal prática. Nela, Rodin fez girar o rosto do modelo até uma extremidade que espantou a senhorita Claudel a ponto de ela intervir alegando que seu mestre acabaria machucando o modelo. A essa intervenção Rodin lhe responde – com veemência e tom professoral – que, por poupar muito aqueles que lhe servem de modelo, ela não consegue expressões mais fortes e originais em suas obras.

Vejo nesta “lição” uma das características que doa mais expressividade e originalidade aos trabalhos de Auguste Rodin. Como o traço que doa singularidade a obra de um pintor, por meio dessa técnica, ele conseguia empregar sua marca, a sua inventividade e escapar do retratismo e do imobilismo dos bustos honoríficos e, por conseqüência, atribuir novos efeitos de imagem, luz e sombra.


O pensador, do artista francês Auguste Rodin (1840-1917)
O Pensador
São justamente essas constatações e essa cena acima mencionada que me vêm à mente quando, durante a visita ao Palacete Rodin Bahia, deparei-me com O Pensador, uma das 62 peças lá expostas. Observada de perto e por vários ângulos diferentes, essa obra pode ser utilizada como uma comprovação do uso desse processo de criação. Normalmente, ao pensar, coloca-se o braço direito sobre a perna direita, posição mais fácil, cômoda e lógica. Todavia, essa afamada escultura apresenta uma postura mais complexa, o membro superior direito apóia-se sobre o membro inferior esquerdo, o que salienta as curvaturas das costas e apresenta uma posição que se esquiva do trivial.

O Torso da sombra, escultura em bronze que está localizada no jardim do Palacete Rodin Bahia, é outro dos seus trabalhos que também serve de exemplo. O próprio nome remete a um duplo sentido, “torso” pode significar busto, estátua sem membros e cabeça (o que realmente descreve o trabalho em questão), mas também pode ter o sentido de algo torcido, algo torto. Projetado para frente e levemente pendente para a esquerda, o Torso da sombra oferece a quem o contempla um novo ângulo do corpo humano.

Peças são vigiadas por mais de 70 câmeras espalhadas no Palacete
A Danaide
Essa inteligente e criativa exploração da anatomia humana pode ser encontrada em outras peças expostas em terras soteropolitanas. Em A Danaide, por exemplo, o escultor em questão submete a sua própria amante e aprendiz Camille Claudel, que lhe servia de modelo, a um dobrar-se sobre si mesma. O resultado é uma pequena, porém expressiva obra que considera ipsis litteris a palavra contorcer. Mais que essa, entretanto, não poderia deixar de ser citada A mulher agachada. Essa pequena escultura além de já ser apresentada de cócoras, uma posição nem um pouco confortável para uma pessoa despida, ainda tem sua posição agravada: braço direito para frente da perna direita, braço esquerdo para trás da perna esquerda, rosto encostado entre o joelho e a omoplata direitos, seu tronco parece formar uma diagonal entremeando suas pernas em paralelo. Postura incômoda com certeza para a mulher que lhe serviu de modelo, no entanto bastante capciosa para os contempladores do resultado final.

Porta do Inferno, parte esquerda do frontão
A Porta do Inferno
Outros tantos exemplos poderiam ser citados entre as mais de 6 dezenas de esculturas expostas no Palacete Rodin Bahia como: O desespero (tronco em posição côncava, perna esquerda levantada, mãos unidas segurando o pé erguido); Ninfa chorando (tórax sobre as cochas, cabeça pendida entre os joelhos); Cristo e Madalena (a personagem bíblica tem o tronco intensamente torcido para a direita) e vários dos detalhes que compõem a Porta do Inferno. Tais obras são o resultado de um energético pensar agindo por meio das mãos que criam.

Não se pode, claro, perder de vista outra característica que solta aos olhos nas obras expostas em Salvador e a qual o guia da exposição conferiu muita importância, ratificando-a a todo momento: a sua inacababilidade. Depois de se deparar com uma obra inacabada de Michelangelo, O escravo acordando, Rodin passou a deixar obras propositalmente “incompletas”. Suas obras inacabadas passaram a ser expostas e a marcar o movimento impressionista francês. O que foi uma grande ironia já que uma de suas primeiras obras, O homem de nariz quebrado, foi excluída do Salon de Paris justamente porque o júri a considerou uma obra inacabada. Por meio de tal prática, ele enfatiza a função do escultor e cria a concepção de non finito que vai permear toda a sua estatuária.

A obra A Mão de Deus ilustra muito bem o que foi supracitado. Nela, o momento da criação artística que é o tema. A mão em questão, símbolo de produção, de geração, não é a do Deus cristão, e sim a do escultor, responsável por dar vida ao gesso, ao bronze, ao barro.

Essa inacababilidade que o fez se desvincular do academicismo e a força expressiva alcançada pela “atitude” manifestada em suas esculturas foram responsáveis por renovar a arte de esculpir e o levou a ser considerado o pai da escultura moderna.  Devemos acrescentar que não são muitos os artistas que conseguem gozar de fama e prestígio em vida como Rodin e isso se deve a sua própria inteligência e ambição: pegou para si a tarefa hercúlea de esculpir a Porta do Inferno de Dante, de onde foram destacadas muitas de suas principais obras (como O beijo).

Italo Calvino, em Seis propostas para o próximo milênio, fala de Goethe como “um escritor que certamente não punha limites à ambição de seus propósitos”* e comprova essa assertiva aludindo a uma missiva em que o escritor alemão confessa a sua amada Charlote Von Stein estar planejando um “romance sobre o universo”*. Rodin não foi um escritor, mas um artista que não pôs “limites a ambição de seus propósitos”, o que dá jus ao nome atribuído a exposição: Auguste Rodin, Homem e Gênio. Afinal a arte, seja ela qual for, deve sempre propor-se a objetivos desmedidos, mesmo que aparentemente estejam fora das possibilidades de realização, pois só assim se fugirá à mera imitação e haverá renovação, uma nova maneira de ver o mundo.

* CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. Tradução Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Texto: Nívia Maria Vasconcellos
Esculturas: Rodin
Fotos: A Tarde

TEXTO PUBLICADO  EM oliveiradimas.blogspot.com/2010/08/auguste-rodin-um-contorcer-de-musculos.html



quinta-feira, 16 de junho de 2011 2 comentários

ENTREVISTA: Thiago El Chami

Não almejo a glória do 'poeta póstumo'”

Sonetista, Thiago El-Chami é um poeta ainda não publicado, mas com fôlego para muitas edições. Com o lema de que "o melhor poema sempre é o próximo" (Fernando Pessoa), ele segue almejando interlocutores e, é claro, alguns leitores.

Quero publicar, sim. Mas, sobretudo, criar

Thiago El Chami, você escreve poesias desde a tenra idade, mas aos 27 anos ainda não possui livros publicados. Como é ser poeta para si mesmo? Não sente (ou não sente ainda) a necessidade de ser lido por um público que esteja fora do seu ciclo de familiares e amigos?

Sim. Não almejo a glória do “poeta póstumo”. Almejo alguns leitores, alguns interlocutores, alguns críticos e alguns parceiros. Mas, no fundo, concordo com Fernando Pessoa – Álvaro de Campos: “não existem, no mundo, grandes poetas, para além do silêncio de seus próprios corações”. Quero publicar, sim. Mas, sobretudo, criar. Que o publicar transborde do muito criar.

O poeta Ildásio Tavares certa vez teceu elogios a seus sonetos. Logo ele que sempre foi um poeta de muito rigor e, elogiava apenas o elogiável e pronto, nada de “passar a mão na cabeça” de pseudopoetas. Isso o fez se sentir mais confiante no ofício de “sonetar”? Como você se envolveu nessa arte de compor sonetos? Não pensa em migrar para o versilibrismo?

Usarei uma metáfora celeste para explicar-me. O soneto não é, para mim, uma estrela qualquer, mais uma na constelação das formas poéticas (opinião de quem o secundariza ou rejeita); nem é uma galáxia imensa e inesgotável (como o é para os que o veneram acima de tudo). Sinto-o como uma espécie de ponto de observação, um lugar vazio no “alto cosmo do verso”, de onde se pode tudo contemplar e perceber, de maneira única e especial. Claro, há outros lugares igualmente especiais e inexplorados por mim. Mas, ainda tenho muito que observar a partir do soneto. Há coisas que só podem ser ditas a partir daquele “espaço-verso”, e daquele “tempo-ritmo” que lhe são próprios.  

E quanto à influência de Ildásio, foi marcante: “Leia mais do que escreva. Escreva mais do que publique”.

Como o Direito, a Filosofia e a Literatura se relacionam em seu compor? Promove um amálgama da tríade, fazendo com que as três se complementem ou uma passa a concorrer com a outra em determinado momento? Se tivesse que escolher uma delas, qual seria e por quê?

Não concorrem: apontam para uma convergência longínqua, inatingível por mim. Na falta de uma palavra, chamo-a de Harmonia ou Princípio. Há uma harmonia remota entre os valores, as normas e os princípios do Direito. Há uma harmonia remota entre os conceitos, as intuições e as percepções da Filosofia. Há uma harmonia remota entre as imagens, as palavras e os objetos, na Literatura. Estas harmonias chamam-se, respectivamente, Justiça, Verdade e Beleza. Busco, simultaneamente, a todas elas. Mas busco, nelas, sobretudo, a Harmonia. Inclusive entre elas.

Se você fosse responsável por proferir conselhos àqueles que querem se iniciar no caminho da poesia, qual seria? Há como aprender a ser poeta?

Aqui eu me calo para que os grandes falem. O maior inventor de todos os tempos, Thomas Edison, recomendou: “Quer ter uma grande idéia? Tenha muitas”. E o Poeta (com maiúscula e no singular) Fernando Pessoa, asseverou: “o melhor poema é sempre o próximo”. Mãos à obra, portanto!

Um pouco da arte de El Chami: 
                                                                

O HEREGE

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"Meu irmão, tu és réu desta heresia
grave abjuração e incúria extrema
renegaste ao teu Deus em voz blasfema
pagarás com teu sangue à confraria!"
.
"Há um engano, senhores. na homilia
que ora vos submeto, à Lei Suprema
em mil versos proclamo. Vede o tema!
eis que apelo à vossa fidalguia!"
.
Veio então a sentença: "o teu destino
ao quebrar o silêncio do Divino
e ao fazer desta quebra o teu ofício
.
Será errar pelo mundo, só, perdido
e falar, sem jamais ser compreendido
ser poeta, homem: eis o teu suplício".
CONTATO: thiago_elchami@yahoo.com.br

Fotos e entrevista: Nívia Maria Vasconcellos

2° Conferência Municipal de Educação de Santo Estevão

Edson Oliveira, coordenador da conferência
Cid Fiuza
Nívia Vasconcellos & Cid Fiuza, momento artístico


No dia 09 de junho, aconteceu a 2° Conferência Municipal de Educação de Santo Estevão que teve por tema: "Educação, Planejamento e Cidadania". Nós do JnC marcamos presença por lá e ainda participamos levando música e poesia para o evento.









"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."  (Jean Piaget)








Equipe JnC Portal 

quarta-feira, 15 de junho de 2011 0 comentários

Alunos da UNEF criam blog para divulgar Feira de Santana

O blog Por Baixo das Anáguas foi criado por alunos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da UNEF, sob a orientação da professora da disciplina Comunicação e Novas Tecnologias, Dorotéa Bastos, com intuito de divulgar a própria cidade.

Segundo os alunos responsáveis pela ideia, o nome do blog refere-se à Princesa do Sertão e a beleza que ela esconde “por baixo das anáguas”. “A nossa intenção é mostrar aspecto da cidade ainda desconhecido e suas belezas ,” afirma Tamylla Novais que faz parte da equipe responsável pelo blog.

O sítio foi lançado no I Encontro de Blogs da UNEF. Por meio de um stand motado nas dependências da instituição, os alunos simularam um cinema e apresentaram um vídeo com diversas curiosidades e seguimentos da cidade Princesa do Sertão, como forma de aproximar o internauta à nova página da WEB que fala, exclusivamente, de Feira de Santana.

Fotos e Texto: Cid Fiuza e Carlos Neville

terça-feira, 14 de junho de 2011 0 comentários

1° ENCONTRO DE BLOGS DA UNEF



Alunos do 2º, 3º e 4º semestres do curso de Publicidade e Propaganda, orientados pela professora da Dorotéa Bastos, realizaram no dia 09 de junho o encontro de blogs, sítios virtuais produzidos por eles mesmos como trabalho avaliativo da disciplina Comunicação e novas tecnologias.

Esse encontro ocorreu no pátio e nas salas da UNEF-FAN onde foi possível visitar espaços que representavam cada um dos blogs e as suas diversidades.

Quem perdeu o encontro ainda pode conhecer os blogs apresentados. A maioria dos alunos entrevistados afirmaram que continuarão com os blogs. O objetivo deles é fazer com que o trabalho não se limite ao ambiente acadêmico, e sim atinja o público em geral.

Apresentação do mascote do "Conectado Feira"
Com muita criatividade, os alunos trataram de assuntos variados que vão de tecnologia à sexualidade. Os brindes acompanharam as temáticas. Foi possível, através de jogos de perguntas e resposta e de sorteios, ganhar pen drives. Houve até grupos que distribuíram camisinhas. 

quinta-feira, 2 de junho de 2011 1 comentários

II Fórum de Comunicação da UNEF-FAN

Malu Fontes - Gilberto Albert - Andrews Pedra Branca

Aconteceu no dia 31 de maio, o II Fórum de Comunicação Social da UNEF-FAN. Malu Fontes e Gilberto Albert, sob a mediação do jornalista Andrews Pedra Branca, palestraram sobre "os novos cenários da comunicação: uma revolução necessária" para um público formado, principalmente, por estudantes e profissionais de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.

Malu Fontes deu um show de espontaneidade e conhecimento, fazendo uma participação descontraída e repleta de ironias que provocaram, muitas vezes, o riso da plateia, mas, sobretudo, a reflexão sobre os caminhos do jornalismo contemporâneo.


Já Gilberto Albert fez uma participação mais contida. Apoiado em dados que eram a todo momento checados em seu notebook, ele mostrou para o público a situação em que se encontram as classes sociais no Brasil, frisando a atenção especial da qual a classe C está gozando atualmente. 


O lugar escolhido, San Domingo Music Bar, foi acertado. Muito bem localizado e com uma ótima estrutura, o San Domingo acolheu a todos com um ambiente estilizado e confortável.


Que outros Fóruns aconteçam!! O público feirense está ávido por eventos desse tipo.

TEXTO & FOTOS: Nívia Maria Vasconcellos

Hino da Caminhada pela PAZ



Composição : Nando Cordel
A paz do mundo
Começa em mim
Se eu tenho amor,
Com certeza sou feliz
Se eu faço o bem ao meu irmão,
Tenho a grandeza dentro do meu coração
Chegou a hora da gente construir a paz
Ninguém suporta mais o desamor
Paz pela paz - pelas crianças
Paz pela paz - pelas florestas
Paz pela paz - pela coragem de mudar.
Paz pela paz - pela justiça
Paz pela paz - a liberdade
Paz pela paz - pela beleza de te amar.
MOVPAZ 


Foto Cid Fiuza

ENTREVISTA - MÁRCIA PORTO NA 19° CAMINHADA PELA PAZ